quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

RESPINGOS DE PRATA.

No meu Cassino encantado, onde vivi guri, ajudando pescadores com as redes do dia a dia,
ganhava cotas de peixes trocando-as no Ponto Chique, por arroz, açúcar, feijão, café e algum naco de charque. Era bom viver assim.
Nas noites de céu escuro saia a pescar linguados, lanternas de carbureto e fisgas de arame de obras.
Quantos com a tal fisga eu pesquei!
Depois, cansado deitava ao pé dos comoros e dormia, coberto num manto de céu.
Acordava com o sol saindo e os ruídos das lebres, tuco tucos, lagartos e pássaros cantadores.
Seguia então para a escola, na entrada da Vila Siqueira, não lembro mais o nome.
Fui feliz dessa maneira e hoje sinto saudade daquela vida sem hora, vivida entre as areias, os pés enfiados no mar. 
Hoje a saudade é grande!
Fui dono de mim menino, coisa que não explico. Aprendi gosto de sal, de vento de maresia, me formei em solidão.
E assim cresci,  tornei-me um homem. Fui forjado à beira do mar!


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